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Júlio Soares e sua fuga do bando de Lampião

Por em 29 de outubro de 2017 às 18:43:50

O fato que aqui vou narrar trata-se de um fato verídico.

Sou natural de Apodi, mais com a idade de 10 anos fui morar no sitio Espinherinho, que pertence ao município de Mossoró, onde morava familiares do meu pai, senhor Abinê Severo.

O Espinheirinho é muito conhecido, principalmente por ser a localidade em que mora vário0s membros da família Soares, sendo seu patriarca Júlio Soares, a quem tive o prazer de conhecer e conversa.

Numa dessas conversas que mantive com Júlio Soares (in memorian), e por ouvir falar que ele tinha sido preso por Lampião em 1927, quando da passagem do cangaceiro por Mossoró, fiquei curioso por saber mais detalhes.

Assim, quando estive com Júlio Soares pedi que ele contasse como foi esse episódio. Ele, deitado em uma rede, sem a visão dos olhos, mas como se enxergasse apontou para uma cadeira e disse: – sente-se naquela cadeira que vou lhe contar.

Começou a contar, dizendo que já morava no Espinheirinho, mas sempre viajava para Mossoró levando queijo de manteiga para vender e, tinha que comprar mantimentos para trazer para sua casa.

Um dia saiu de casa com as mulas (resultado do cruzamento do jumento com a égua), com os caçuás (cesto de cipó), cheios de queijo para vender em Mossoró. Seu destino era o Bom Jesus. Ele (Júlio Soares) e seu companheiro, que se a memória não trair, ele disse que era J Joaquim Germano.

Ainda sem seu relato, Júlio Soares disse que ao se aproximar da casa do seu sogro, que morava no Bom Jesus, avistou muitos homens, todos fardados, onde a princípio pensou que era a polícia, mas foram recebidos por Lampião.

Naquele momento, Lampião se apoderou das mulas e os caçuás com queijo e de um cavalo possante que ele tinha e os fez de reféns.

A cada um deles foi entregue um rifle 44 (papo amarelo), e foram obrigados a entrar atacando Mossoró junto com o bando.

Segundo contou Júlio Soares, o tiroteio começou, “os cabras de lampião”, assim ele se referia, atirava e dava passos para frente. Já ele e seu amigo atiravam, mas davam passos para trás, até que o bando passou deles e assim aproveitaram para cair no velame e se esconder.

Um dos fatos engraçado contados por Júlio Soares, foi que o amigo dele não sabia nadar, mas tiveram que atravessar o Rio Mossoró a nado para poder escapar de Lampião, mas na fuga, seu amigo “meteu os peito na água e atravessou o rio, mesmo sem saber nadar”.

Outro detalhe foi que o cavalo foi encontrado depois e devolvido a ele.

José Severo

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